domingo, 31 de maio de 2009

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Mais alguém que se foi. Alguém de quem se aprende a gostar, daquelas que ao primeiro contacto deixava uma impressão de natural antipatia. Alguém, de quem outro alguém muito próximo de mim gostava muito. Talvez a sua primeira amiga. Tento escolher a palavra para aqui deixar e penso em frustração. A dela. Depois de uma vida de luta, parte prematuramente deixando ainda muito por fazer. Partiu frustrada, porque não conseguiu espelhar n' outrem os projectos e as ambições que lhe embalavam o dia a dia. Prostrou-se quando a doença lhe tolheu a vontade e a esperança de voltar a encarrilhar os seus sonhos na linha da vida.

sábado, 23 de maio de 2009

50 anos. Ontem.

Às vezes temos de lutar para sermos homens.

Hoje tive um sonho, melhor dizendo, um pesadelo que ainda não me saiu da cabeça. Há explicações sobre lembramos-nos dos sonhos quando acordamos, gostava de saber mais e o significado disto acontecer. Este ficou-me nítido e claro na minha cabeça, lembro-me de tudo e de todos os pormenores. Nã sei a propósito do quê fui sonhar isto, que mesmo tento sido um sonho, a esta hora do dia ainda me incomoda e me envergonha, só de pensar. Incomoda-me por ter envolvido uma pessoa de quem em gosto muito e do que lhe fizeram no sonho, incomoda-me que eu, mesmo condenando a acção tenha deixado acontecer, reservando-me um papel de mero observador, que condenando, não foi capaz de tomar uma posição de força e mudar o rumo dos acontecimentos.
Não participando com actos, ajudei por omissão, não agindo, apoiei a acção.Penso que isso terá um nome: cobardia.
Finalmente percebi a causa dos preços exorbitantes do quilómetro de autoestrada.
Depois de ainda há 20 minutos atrás ter passado por dois acidentes na 2ª circular, um antes do Colombo, outro depois do Fonte Nova, eis que chego à zona de obras do ic17 e vejo que por cada operário que pinta um traço descontinuo no chão há quatro-quatro que observam. Todos devidamente equipados com coletes reflectores, capacetes e botas de biqueira de aço - não vá a lata da tinta entornar e provocar um acidente de trabalho - sendo que, dois estão com as mãos nos bolsos e os outros dois com as mãos na anca, algo impacientes e com ar de tanto-tempo-pra-pintar-um-traço. Vi duas brigadas destas de trincha na mão, vários grupos de três, quatro ou cinco homens com ar de engenheiros, falando entre si no meio do alcatrão e os restantes quarenta (mais coisa menos coisa) encostados ao raill da estrada. Devia ser hora do pequeno almoço. Espero que pelo menos lhes paguem o sábado.

domingo, 17 de maio de 2009

Fosse da qualidade do cefalópode, fosse da arte do tempero, fosse da qualidade da companhia, fosse da minha ataraxia de espirito; ontem, comi pela primeira vez em muito tempo uns caracois que souberam bem da primeira à ultima chupadela de casca (estranho gosto este). Celebrou-se a saúde, expiaram-se e exorcizaram-se as angustias e duvidas a isso relativas, e, se se juntaram amigos, com certeza celebrou-se também a amizade.

E tenho a secreta esperança que se celebrou algo mais, mas os intervenientes não o confirmaram. Viva a ginja d' Óbidos e o mais que trouxer felicidade.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O dia hoje custou um bocado a passar. Há muito que as noites de copos, a meio da semana caíram em desuso no meu quotidiano. Os sítios do costume fecharam ou mudaram de mão, os cúmplices do costume, deram as mãos, casaram, mudaram de emprego, mudaram de sitio ou já não são tão cúmplices assim. E eu também mudei e agora o day after é do caralho. Como as capsulas do Gurosan também ficaram fora da validade, nem isso me valeu. Pelo que está escrito a noite parece ter sido de arromba. Nem tanto assim, a coisa até foi bem serena, o corpo é que já não está rotinado. Isso e a merda do exagerado sentido de responsabilidade, cheio de sentimentos de culpa judaico-cristãos que não me deixam esticar a manhã na cama e mandar tudo...
Se bem que este talvez não seja o caminho. Se a noite não foi por ali fora foi porque um rasgo de pragmatismo (este que insiste em me acompanhar e do qual tenho sido vitima e beneficiário) me resgatou à realidade e me fez ver que não é com tentativas de alienação que se resolvem os problemas, é enfrentando o boi pelos cornos. Seja. Também nunca gostei de pegas de cernelha.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Não eram bem três, mas no fundo não vale a pena preocupar-nos. A gente chega lá. Be happy.

Dentro da empresa, enquanto se acendia mais um cigarro...

...alguém, atento ao que o rodeia, mesmo sem o dizer, citou Saramago: "Se puderes olhar, vê. Se podes ver, repara". E lá foi eu, a correr, ver a luta da vida, o labor e o cuidado da construção. No fundo ver que aquilo que nos separa do resto do mundo é ao mesmo tempo aquilo que nos une. No fundo a demanda primeira da nossa existência, sobrevier. A cada momento é esta a sanha de toda a humanidade. Cada um à sua maneira lá vai debicando o que pode, da melhor maneira que pode para chegar ao fim de mais um dia.

Informação sem a mínima importancia.

Por razões estéticas e embirração pessoal não gosto, salvo excepções, de ver os textos alinhados à esquerda (ou à direita, nada de razões ideológicas, portanto). Os textos que por aqui se apresentarem alinhados radicalmente à esquerda (de conteúdo, e de formatação gráfica) são contra a minha vontade e da total responsabilidade do blogspot. Os textos deveriam aparecer todos justificados completamente, como este, espera-se. Mas esta merda às vezes parece ter vontade própria.

Vozes do passado.

Há certas coisas que vão ficando esquecidas no baú da minha memória e que são resgatadas de lá quando se fazem sentir presentes. Coisas estúpidas, aparentemente sem sentido que sem querer se acumulam no cérebro e que volta não volta, voltam (que puta de redundância) á lembrança. Vem isto a propósito da morte do Vasco Granja. Era puto e lembro-me daquele programa cheio de desenhos animados aos quais não achava piada nenhuma, sempre introduzidos por nomes que à altura eram, para mim, todos russos. Do Pacto de Varsóvia para lá era, de facto, tudo era Russo. Ou soviético melhor dizendo. Escrevendo. O climax do programa eram os desenhos da Disney ou da Pantera Cor-de-Rosa, esses sim entendiveis pela chavalada. Via tudo o resto como o mal necessário para lá chegar. E às vezes não chegava. Era a frustração. Mas, passados estes anos todos, o que me ficou, lá, no tal baú, foi a voz. Foi, aquela voz que ficou, não consigo explicar porquê, mas pertence à galeria de vozes que acompanharam a infância e que tinham um magnetismo que me prendiam ao ecrã e sabiam bem ouvir, só por ouvir. Mesmo que não entende-se puto do que era dito, a parte do "olá amiguinhos" (ele dizia "olá amiguinhos"?) e do "vamos ver uma banda desenhada dum cineasta checoslovaco" (checoslovaco! checoslovaco existia!!) ficou. Como ficou o "despeço-me com amizade" do eng.º Sousa Veloso, que acompanhei durante anos (sempre antes do "70x7" e da missa dominical, Amém) sem perceber nada de reforma agraria. Mas tinha vaquinhas a cavalinhos e outros animaizinhos que compunham o meu imaginário infantil, via costela beirã e férias de verão na Pampilhosa.