quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O sentido da vida

Por uma razão ou por outra, a morte, o tema da morte, tem andado a rondar a minha cabeça. Os anos que passam, familiares de amigos que partem mais cedo, notícias de jornais com a morte de um actor aos 40, – faltam-me dois, e estas coisas começam a dar que pensar vitima de cancro, amigos, na força da vida, a cair no hospital porque a máquina começa a falhar. Etc. Etc. Etc. Dizia Epicuro, na sua "Carta sobre a felicidade", que: "o mais terrível dos males, a morte, nada tem a ver connosco: quando somos a morte não é, e quando a morte é somos nós que já não existimos". A mim também não me preocupa a morte. Inquieta-me, antes, desconhecer o caminho que me está reservado para lá chegar. Que enfermidades me esperam. Eu que digo esperar não ter o azar de chegar a velho; chegarei a velho, muito velho, anos a fio a arrastar-me sem saúde, dignidade ou reforma, em filas madrugadoras de centros de saúde de gente triste, pobre, a precisar mais de quem cuide do que de quem cure, ou, Deus, os deuses ou o destino, terão outra coisa em mente. A resposta deve dá-la a vida à medida que vamos caminhando por ela. Talvez esta inquietação que me tem rondado por estes dias e que me fez voltar aqui, não existisse, se outra pergunta nos fosse cabalmente, por Deus, pelos Deuses, pelo Destino, respondida. Qual o sentido disto tudo.

domingo, 12 de maio de 2013

A viagem foi rápida, demasiado rápida. Tão rápida quanto silenciosa. Quebrada aqui e ali por uma frase de circunstância para cortar o silêncio. Entramos na cidade pela ponte Vasco da Gama, e a cidade estava movimentada. Sábado à noite, claro. Mas pareceu-me que o movimento também era silencioso. Perdeu-se qualquer coisa. Nada, claro, que mude a normalidade do dia a dia. Muda-nos a disposição nos minutos a seguir e o sentido das conversas à segunda de manhã. Saí do carro numa despedida breve, que o ambiente não estava para mais. Da janela de casa, de novo o silêncio. A cidade movimentada de sábado à noite era silenciosa. Depois percebi, não era silencio, a cidade não estava silenciosa. A cidade calou-se. Porque aconteceu o que acontece com as paixões; tudo é fatal, tudo é total. O que eu vi ontem à noite, não foi um jogo. Eu não entendo nada do jogo. Só gosto de ver, mesmo não entendendo. Eu vi dois homens, um que festejava a sorte do mundo, festejava com gestos de quem nem sonhava que tal coisa lhe pudesse acontecer, saltava com movimentos de quem não sabia como é que tinha feito para chegar ali, festejava como quem deve festejar a sorte de um euromilhões, a sorte de quem não sabe como se faz, mas que fez. E vi outro homem, um homem a cair, e que ao cair, reconheceu que caiu com ele todo um labor de uma época. Caiu o que ficou para trás e caiu o que ainda falta vir. De joelhos o homem reconheceu o fim de tudo. A época acabou ali. Nada está fechado, ainda há contas a fazer, finais para ganhar, mas aquela estocada feriu de morte um sonho. Se a sorte não foi esgotada ontem à noite, talvez os deuses do futebol dêem um ar da sua graça, se reponha a normalidade ás coisas e a cidade volte a falar. Afinal, um homem às vezes cai, apenas para se erguer com mais força.

domingo, 17 de março de 2013

Confiar nos classicos


Trust the Classics from Close Up And Private on Vimeo.


CLOSE UP AND PRIVATE's etiquette for the modern classicist,
a loosely compiled list of scrupulous style cues for gentlemen
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Slim cut suits with short legged trousers go a long way.
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Buy a pair of wingtips and loafers.
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The Beatles sir, listen to them – and do so regularly. 
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Owning at least 3 oxford shirts has never done a man any harm.
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Be a gentleman towards women.
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Own several ties – n.b. Four-in-hand knots only – mix things up with a bow tie.
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Watch all movies by Andrei Tarkovsky. Re-watch them.
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Always consider a well-fitting navy blazer with gold buttons.
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Serge Gainsbourg looked smart in a trench coat and so do you.
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Own a classic cashmere v-neck and a round-neck pull-over. 
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Kaki chino trousers are as essential as they are basic. 
Choose your pair meticulously.
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Cherish a good relationship with your parents.
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Sometimes looking at a nice black and white picture of your grandfather 
as a young man wearing his Sunday-suit can learn you more about classic style 
than reading 20 fashion magazines.
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A watch – you do own one do you? - should be flat, vintage, and have a leather band.
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Be punctual.
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Ray Ban sunglasses matter.
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Stay current. 
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Trust the classics.

Para levar o barco a bom porto


29 WAYS TO STAY CREATIVE from TO-FU on Vimeo.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Ouve-se Lena d'Água na america do sul?

Viajei para os estados unidos, o país era os estados unidos? A momentos, parecia uma favela íngreme, esburacada e pobre da américa do sul. Eu nunca estive na america do sul. Nem na do norte. Depois parecia uma colina empinada nas costas da graça, moraria ou penha de frança. Falava ao telefone com gente que não conhecia, frequentei casas de pessoas que nunca vi, estranhamente de confiança e próximas, que me abraçavam na despedida. Casas pequenas, rés-de-chão de porta aberta com um pequeno portão verde claro, quase branco, seco, ferrugento, numa rua encilhada. A rua com pó, de gravilha, uma rampa enclinada. Já tinha dito. Estava nos estados unidos, depois saí, despedi-me com um abraço, desci a rua, íngreme, a derrapar na gravilha e calhaus que rebolavam comigo rua a baixo. Já estava em lisboa. Não conheço (esta) lisboa. Chego á rua principal que nos meu sonho era para o lado dos anjos, mas chegado a avenida: não era a almirante reis. Perdi-me, estava nos estados unidos, mas parecia uma estrada da américa do sul. Ampla, sol a rodos, sem prédios do outro lado do passeio. Não há passeio. Eu nunca estive na américa do sul. Aparece uma moça com que eu já tinha falado, mas que não conheço de lado nenhum. O carro é pequeno, cinzento, a obrigar condutora e pendura a uma proximidade física desafiadora. Peço-lhe boleia, não sei onde é a minha casa, hotel, motel, sei lá, não me lembro. Ela leva-me, janelas abertas, sol a rodos, a avenida, que era larga, vai estreitando até chegar a uma mini rotunda sem saída, junto ao mar, uma baía de mar verde claro, como o seco ferrugento do portão;
– já não está sudoeste, o tempo virou
– ainda está
– já está nortada, não vez o mar a chegar em carneirinhos…
Desfazemos a rotunda ao som de uma música que não conheço da Lena d'Água. Ouve-se Lena d'Água na america do sul? Gente atravessa-se á frente do carro com ar de veraneio, em direcção ao mar, para apanhar o barco que não vi, não estava lá barco nenhum, nem porto, só o mar a bater em carneirinhos e a música da Lena d'Água a tocar dentro do carro.