quarta-feira, 29 de julho de 2009

Sento-me numa carruagem, idêntica à do comboio que passa agora a roçar as costas da minha cadeira, e a páginas tantas: Lá em casa como em todas as boas casas, na presença de empregados os assuntos de família se tratavam em francês, se bem que, para mamãe, até me pedir o saleiro era assunto de família. (Leite derramado, Chico Buarque).
Os benefícios do transporte público são tantos que até servem para sacudir a primeira camada de pó fino que estaria a assentar na capa do livro caso o meu carro já tivesse o malfadado tubo que o prende na oficina há duas semanas. Deve vir da NASA. O tal tubo. Em duas semanas já eu tinha comprado não um tubo mas um carro inteiro.
Chego a Massamá com quatro capítulos cheios de ironia fina já lidos de supetão, bebo um café, na televisão o Rui Costa apresenta mais um reforço para o Benfica e sublinha que o plantel não está fechado. No Benfica os reforços chegam como a chuva cai num dia de inverno, copiosamente e em força, numa cadência certeira — um por dia — a fazer lembrar um relógio suíço. Como mau adepto (adepto não, simpatizante, apesar das tentações provocatorias que por aí andam para me tornar sócio) vou ter que fazer uma cábula para inteirar dos nomes e ter uma participação mais activa nas conversas de café. Se não olha, fico calado, rio e bebo mais uma.