terça-feira, 28 de abril de 2009

Depois de uma sexta-feira com um aniversário de sabor indiano, com passagem (já com a aniversariante em casa) pelo Largo do Carmo e Bairro Alto entre comemorações do 25 de Abril; depois de um domingo á noite com uma nostálgica ida, ao fim de muitos anos, ao São Jorge; a única coisa que sobrou do fim-de-semana foi uma dor de costas, resultado de um sábado animado por uma mudança de um quarto andar sem elevador, que só a amizade pode tornar numa festa. E pensar que vendi a saúde da minha coluna a troco de um cozido á portuguesa.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Há certas pérolas dos diálogos laborais pelas quais vale a pena tirar os phones da cabeça e escutar a realidade. Principalmente aquelas que em que é usado o pronome pessoal "nós" para agir perante uma trapalhada em que "nós" se meteram mas que serão "eles" a resolver.
Deve ser isto a definição de trabalho em equipa. Eu tapo, tu destapas, eu borro, tu limpas.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

“A caridade é magnânima” (S. Paulo)

O Benfica é sempre um bom desbloqueador de conversas á segunda-feira de manhã, aqui pela empresa. Pena que desta vez seja por motivos que os mais pobres de espirito e homens de pouca fé (continuando a sanha da penitência pascal) não conseguem atingir. O que aconteceu no sábado de Aleluia - devem também ter gritado os da Académica - foi apenas mais uma demonstração da grandiosidade do Benfica. Só um clube Grandioso e Glorioso (do quê, infelizmente, já é quase pré-histórico) é capaz de semelhante gesto. Imbuído do mais puro espirito pascal o Benfica permite que pela primeira vez, na história desta temporada, a Académica ganhe um jogo fora de casa. Precisamente com quem? Exactamente. Com o Máior! Não foi com um Estrela de ordenados em atraso ou com um regionalista europeu como o FCP, não, foi com o Máior. já que era a primeira vez, que fosse em (com o) grande. Ficaram assim, seis milhões de crentes, que pudessem ainda não saber, a entender o verdadeiro sentido da pura caridade cristã. Para ser perfeito só faltou mesmo a coroa de espinhos.

sábado, 11 de abril de 2009

Tudo normal, portanto.

Á parte a minha sobrinha cometer a singularidade de decidir passar o fim-de-semana todo de patins em linha dentro de casa, os dias seguem tranquilos. E nem o Benfica quebra a placidez do sábado, fazendo mais uma das suas exibições medíocres e sem chama de que o treinador se queixa como se da equipa do vizinho se tratasse. Faltam 35 minutos. Pode ser que não seja nada.  

...E o Pai Natal faz uma perninha na Páscoa

Não quer ir, não vá, mas não vale a pena mentir aos senhores.

Vermelho Redundante

Não tenho nenhum gosto particular em conduzir, pudesse eu e certamente que não me deslocaria para o trabalho todos os dias de carro. Os horários e os frequentadores da linha de Sintra, não me deixam alternativa. O transporte publico tem a vantagem de ser completamente anti-stress e permitir observar de forma mais envolvente o quotidiano á nossa volta sem sentir a sensação de estar isolado numa capsula de quatro rodas na rotina do ic19 e segunda circular. Se me tivesse deslocado de Stª Apolónia para a Praça de Espanha de carro, não me teria divertido tanto quanto me diverti de metro. Chegado á estação do Terreiro do Paço, sentou-se uma moça anafada, na casa dos vintes, saia-casaco vermelho (e como o vermelho se pode tornar imenso, quando enfiado numa forma larga d'anca) óculos brancos, estilo sonsa, com as letras DG em brilhantes nas hastes. A rapariga por certo atrasada, mala em cima das pernas e toca de revirar as pestanas com um objecto, que se alguém lhe desse um encontrão, por alguma travagem, lhe vazava um olho. Mais uma olhadela no espelho e toca de passar um pouco de base nas maçãs do rosto. Avenida. Como se estivesse na sua casa-de-banho toca a desembaraçar o cabelo com as ganápas a fazer de pente e sacudir o novelo pró chão da carruagem perante o olhar da plateia que ia aumentando. Parque. E lá continuou a sua cruzada para se alindar (não era preciso, a sério, não era preciso) com mais uns pós aqui, um rimel ali, tudo sempre a ser conferido no espelho. S. Sebastião. Lábios pintarolados, próxima dos retoques finais, começou a prender o cabelo com uns ganchos de forma a desnudar mais a visão do seu rosto de quero-parecer-sofisticada-mas-pareço-uma-saloia. Praça de Espanha. Infelizmente a viagem acabava para mim ali e por certo fiquei privado de ver a sua saída triunfante, metro a fora, direita á luz natural do dia, que de certeza só a poderia favorecer ainda mais. Não sei se ela continuou na luta consigo mesma para se pôr linda, mas se tivesse ido de carro, além da enchente de nervos para atravessar a cidade e estacionar, não teria assistido aquele espectáculo de eficiência cosmética.

Sexta-feira Santa

A Quaresma é para os crentes mais fervorosos altura de penitência e jejum. Para os cristãos menos profundos, também auto-designados de não-praticantes, pelo menos a sexta-feira santa é aquele dia em que, segundo os mandamentos da santa madre igreja, não se pode comer carne. Cá em casa cumpridores que somos das tradições católicas, descontando o fiambre das sandes, lá nos penitenciámos: não comemos carne. A relembrar a todo o momento que hoje não é dia de pecado da gula, cumprimos o nosso calvário cristão com uma insípida feijoada de choco e um tinto de 2005, bebido muito a contra-gosto. Eu, penitenciei-me com três pratos.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Receita culinária II

Acho que deixei uma ideia um tanto machista em relação ás mulheres no post anterior.
Mea culpa. Não foi com intenção. Acho mesmo que exagerei. E muito. Talvez dois pacotes de natas chegassem.

Receita culinária

Um colega de trabalho, solteiro, pediu-me umas dicas para variar a comida em casa. Enviei-lhe uma receita prática e económica.
Ora então cá vai.
Tem atenção ás quantidades. Varia consoante a quantidade de atum e de convidadas. Se for para um bacanal de 1+3, cá vão as quantidades.
- 5 ou 6 latas de atum
- 1 pacote de massa espiral ou canudos, italiana que é mais rija.
- 1 pacote de polpa de tomate
- 1 copo de vinho branco ou cerveja branca
- 4 ou 5 pacotes de nata. Se elas - as meninas - forem das ordinárias, compra das pasteurizadas que são mais baratas, se for um jantar a dois e ela for difícil compra das frescas, o sabor é muito melhor e o investimento talvez venha a compensar.
- cebola e alho a gosto.
- Queijo ralado.
Coze a massa só com sal e deixa ficar.
Faz um refogado com cebola, alho, azeite e já que é pra estragar da-lhe com manteiga. Tempera com pimenta. Quando estiver a ficar loiro afoga o atum e mistura tudo. Sempre em lume brando. Mexe, mexe e manda-lhe com a polpa de tomate. Mais umas mexidelas e embebeda a papa no vinho e deixa apurar um pouco. Mais umas pedras de sal. Não te esqueças que a massa já tem sal. Vê lá se não tens uma crise de hipertensão no acto!! Já no final quando estiver tudo em papa despeja a nata (a do pacote!!) ao preparado de atum envolve bem e desliga o lume. Já fora do lume, Retira a agua à massa e mistura o preparado de atum com a massa. Bem Misturado para a massa ganhar o gosto. Põe tudo num pirex e rala o queijo por cima, leva a gratinar ao forno só por cima o suficiente para derreter o queijo.
Alternativa:
Podes fazer a mesma coisa mas com carne picada em alternativa do atum.
Em vez de 4 pacotes de nata, usa bechamel já de pacote e 1 ou dois de natas. É mais ou menos a gosto.
Aqui se for fim do mês e não houver muito dinheiro pra carne mete uns cogumelos. Seria melhor dos frescos mas usa o mesmo principio das natas frescas pasteurizadas. Se a cliente merecer...
No fim para gratinar podes pôr, além do queijo, umas tiras de bacon já cortado.
Se ela não gostar muito de vinho dá-lhe com um "grandjó" do douro, são 4 euros a garrafa, mas é muito doce e depois normalmente só uma não chega.
Se no fim desta merda toda não conseguires, desiste e vai ás putas. Afinal o que já gastaste em comida, vinho e cheiro a cebola e alho nas mãos, já dava pelo menos para um bico.

terça-feira, 7 de abril de 2009

No tienes ganas, caray!!

Para o Benfica ser campeão, falta ao Quique un poquito de las ganas de su tia.

domingo, 5 de abril de 2009

Maratona

Não vai ser um ano bonito de se viver. Vidas desfeitas à nossa volta. Estamos a assistir ao degelo da falsa fartura em que todos vivemos. Ou vivíamos. A conta está a chegar, é a dividir por todos, mas não em partes iguais. Na televisão, tal como ontem e anteontem novos desempregados. Amigos a irem para o desemprego, as mulheres também. Filhos a estudar. O desmoronar dos sonhos. Logo agora que a casa quase paga. Logo agora que os miúdos quase criados, mas tão dependentes. Claro que me estou a lembrar realidades próximas e angustias amigas. Não podemos estar bem se aqueles que queremos e nos fazem sentir bem, também não estão. Não nos podemos resignar, temos de lutar, sem saber como, nem contra quem ou o quê. A constatação da fragilidade das conquistas de uma vida inteira e a falta de solução para reconstruir o castelo, por vezes construído em cima de estacas de madeira podre, que jamais aguentariam a primeira tormenta, consome a força de vontade para seguir em frente.
Existe em todos nós, a dificuldade de reconhecer que se calhar fomos longe demais e que por ventura não temos que provar que conseguimos manter ou reconstruir um palácio, tão só uma pequena casa solidamente construída bastasse. Vivemos décadas com a ideia, que nos entra todos dias pelos olhos a dentro, de que tudo é atingível, tudo é pagável, tudo se consegue com mais um golpe de rins e expedientes fatuos. A vaidade pessoal dos pobres e a luxuria dos ricos, trouxe-nos aqui. Nem uns, nem outros, quiseram abdicar. Por onde a corda parte não é preciso dizer. Espero o pior, serenamente, com a incrédula esperança de quem tem a certeza que tudo fará para passar entre os pingos de chuva, sem desesperar e sem pôr os pés na poça. Temos, todos, a obrigação de, convictamente, chegar ao fim desta dolorosa e longa maratona. Haverá alturas em que baixaremos os braços, mas serão as pernas que mesmos bambas terão de avançar. Não precisamos de chegar em primeiro, por mim, ficaria contente se chegasse-mos todos juntos. Só agora começou.

Amores impossíveis.

Repetidamente. Descia a rua e abrandava o carro ao passar sob a casa. Os estores cerrados quotidianamente, faziam adivinhar que aquela já não era a casa e que ali só jaz o silêncio. Os estores não voltaram a subir.
Ocasionalmente. Atravessa aquele lado aristocrático da cidade, abranda à passadeira, na esperança de lhe dar passagem ao sair da rua. A passadeira já lá não está.
Inadevertidamente. Acelera na viaduto e lembra que ali. O pilar central marca o local onde antes. A barraca já lá não está.
Compulsivamente. Faz compras num mercado que não é o seu. Finta os rostos familiares do bairro na esperança de. Aquela finta não forma um rosto. 

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Cada um com sua maleita
os dias vão desfiando,
do alvorecer até à deita
uns rindo outros chorando.
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Olho em volta c' os meus botões,
anda tudo a querer tombar,
não façam isso meus cabrões
inda têm muito q' andar!
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Sem vocês não tem graça,
porque pr'aqui eu andaria?
se entretanto o tempo passa,
semeando falsa alegria.
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Não vale a pena gemer,
andar pr' áqui cheio de tretas,
todos vamos lá parar,
à quinta das tabeletas.
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Não vale a pena gemer,
dizia o outro a preceito,
a volta tem que ser dada,
seja a torto ou a direito!
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Bebo a isso, mais um copo
pode ser do tinto vinho
misérias? só mais logo
deixem-me tratar do corpinho.
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Amanhã deus dará
se não der, agente inventa
pontapé, bola prá frente
o que vier...agente aguenta!
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Puta que pariu, vou-me deitar
que merda é esta que versei?
mais valera dormitar
qu' este caralho qu'inventei.
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Escorrega o pé pró chinelo
mas o verso não cai na lama,
pra não dizerem que o gajo
"tem a mania qu'é d'Alfama".
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Quem leu perdeu seu tempo
quem não, melhor o fez.
Mandei-lhe a meu contento
outro dia tento outra vez.
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See you later crocodile
ou será allligator?
vou descansar for a hille
acordar c' o despertator.

April, come she will?

Porque talvez sugestionado, aqueles olhos, outrora pequenos, esbugalham-se agora, quase involuntariamente, no ênfase de cada frase. Quando antes, só esbugalhavam a instantes de irromper em fúria passageira. Apanágio dos calmos quando levados ao zénite da sua paciência.