sexta-feira, 3 de julho de 2009

Touradas.

Não há volta a dar. São os assuntos do dia e no fundo o cristalino espelho da nação.
"A câmara não tem seriedade. Quem não viu ainda uma sessão? Aí o sussurro, o barulho, a confusão são perpetuados. Vota-se sem saber o que se discutiu, e continua-se a conversar. As questões pessoais estão constantemente na ordem do dia. Insultam-se os partidos contrários. Cruzam-se desmentidos. Entra em cena a alusão pungente e o escárnio. A câmara tem apoiados que são apupos, outros que são insultos! Estabelecem-se a cada momento diálogos, ironias, motejos, graçolas. Uma luz bastarda cai sobre aquilo. E das galerias o público assiste ao espectáculo, melhor diríamos ao escândalo". Podia ter sido escrito hoje, vá lá, talvez ontem no máximo, mas não, já tem 140 anos. Eça e as Farpas continuam actuais e não há plano tecnológico, aeroporto, TGV etc, etc, que contrarie o quanto continuamos estupidificados e não evoluímos como povo. Parece que fazemos gala em ser assim, com um gosto especialmente pernicioso de nacional porreirismo com que empurramos, lentamente, este país com a barriga para a frente.
Sempre a proporcionar grandes espectáculos fora do campo continua o Benfica. Este imbróglio à volta das eleições, não dignificam a grandeza de uma das maiores (sim eu sei, até custa a crer é irrefutável, apesar de tudo) instituições do país. Golpes palacianos, compra de jogadores, de treinador, empréstimos, processos e contra-processos a impugnar eleições. E se por mera hipótese académica não fosse Vieira o vencedor? O que fazer com a catrefa de jogadores, treinador e contratos a longo prazo assinados e programados em plena campanha eleitoral? Enfim, pertenço à grande minoria silenciosa que nem tem voto na matéria, mas se envergonha por todos os dias ver o Benfica a ser tratado e ridicularizado na praça pública como uma mera colectividade de bairro. A tourada é geral. Nada como assistir de camarote. À sombra, por favor.