sexta-feira, 28 de agosto de 2009

férias#10: mais peixe, criancinhas e leituras adiadas.

Se quarta-feira nos foi dado ver uma enorme variedade de peixes ao vivo e a cores, ontem, no Clube Naval de Setúbal, voltamos ao tema mas na vertente assados e na brasa. O peixe fresco, embora morto, que passou pelo prato, quase que rivalizou em quantidade com o que vimos no dia anterior dentro do grande tanque. Com a vantagem que este teve a acompanhar três litros de sangria branca para refrescar o palato. Depois de acabar a peixificina, seguimos para a Arrábida, onde nos esperava uma das melhores tardes de praia deste verão. Graças à pequena ditadora que nos tem acompanhado por estes dias, não foi difícil esquecer o quanto o bandulho ficou pesado e fazer a digestão. Ela sabe como monopolizar, quando quer, as atenções, da melhor e da pior maneira. O dom de toda a pirralhada é esse, fazerem-nos esquecer tudo o resto para lhes darmos atenção, fazendo-nos, por momentos, subir aos céus ou descer; ao pior dos infernos. Felizmente, decidiu ir pela primeira opção e lá ficamos, eu, a mãe da criatura e a criança ela mesma a chapinhar o resto da tarde ali mesmo junto ao mar, enquanto na toalha o pai ficava, por momentos, surdo e solteiro, a se dedicar à actualização das noticias desportivas.
É por estas e outras que o Elefante do Saramago, que seguiu ligeiro os capítulos até Figueira de Castelo Rodrigo, ficou por ali acampado na fronteira, à espera dos Austríacos e de mim, que lhe vire a pagina para que siga viagem. Hoje, vou tentar dispensar-me da construção de castelos, jogos de bola e molhadelas à beira mar, e voltar à fronteira espanhola para pôr o paquiderme na rota da corte Austríaca. Quem os fez que os embale, diria a senhora minha mãe, com um dito para cada ocasião. Mas não faço promessas; porque a vida ri-se de previsões e põe palavras onde imaginámos silêncios, e súbitos regressos quando pensámos que não voltaríamos a encontrar-nos. José Saramago, A Viagem do Elefante.