quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Desconhecia que era preciso ter uma profundidade intelectual e filosófica tão grande para viver em Lisboa; pensei que teimosia e paciência bastassem — além de um grande amor que não espera nada em troca, apenas que, não a melhorando, também não a estraguem mais. É que é preciso resistir a essa gente que tenta fazer da cidade um sitio exclusivo para ricos, classe média alta e estrangeiros viverem,  como se resiste ao transito selvático, ao caos urbanístico e às sucessivas promessas (repetidas despudoradamente) em tempo de campanha eleitoral por candidatos a caciques que governam em proveito próprio ou das organizações em que militam.
Querem exibir riqueza e desfilar no Chiado? pois sejam bem-vindos. Ajudem o comércio local. Mas depois façam o favor de voltar para os condomínios de Belas, comer fofos e jogar golfe, ou para Cascais, andar à vela e falar anasalado. Repito, mais vale meia assoalhada em Lisboa que quatro fora. Vão se foder. A mim não empurram para um T2 no Cacém ou na Baixa da Banheira, mesmo com closett, banheira de hidro-massagem e garagem.
Lisboa é uma cidade do povo e só o povo lhe pode dar a alma a luz e o colorido que tanto(s) lhe gabam. Pelo menos aqui, nesta Lisboa que eu amo.