sábado, 27 de junho de 2009

O rei está morto. Viva o Rei!

Lembro-me do 33 rotações do thriller e mais tarde do Bad a tocar sempre em altos berros, nas duas assoalhadas da casa dos meus pais, que faziam estremecer o prédio todo e enchiam de nervos o escritório de despachantes em frente a tentar trabalhar. Enfim o desrespeito total pelos outros só pelo prazer de pôr os 150W de cada coluna a bombar. Estavamos em Alfama em 1983, eu tinha 8 anos o meu irmão 12 e estavamos sozinhos em casa. Depois, aprendi, quando comecei a gostar do silencio, que alguma urbanidade e educação fazem os ouvidos de toda a gente mais feliz e retiram ao bairro um certo ar de favela carioca. Mas isso só aprendemos muita berraria depois. Por estes dias, em todo o lado, só se fala dele, até à náusea. Eu, que continuo a gostar da música que ele fazia por aqueles dias, vou ouvindo-o na voz de outro, com uma toada mais calma, para lhe sentir o gozo da letra desta música. À escala global talvez não volte a aparecer outro, pelo menos tão cedo. Para o melhor e para o pior.